sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Humanos estreitos



Este PC aqui (sim, porque não tenho dinheiro para o mandar para o lixo e comprar aquele do fruto que fez tombar a humanidade no vale de lágrimas), está-me sempre a perguntar se a NSA está de olho em mim. Quer que compre uma cena qualquer anti-espionagem. Se isso, a NSA, ou outra série americana qualquer, está de olho em mim, então certamente anda a gastar pestanas como velas em ruins defuntos. Os alalis todos, o chinos e companhia e os que também amam os filhos são suficientes para ocupar as 24 horas do dia a todos os sobrinhos do tio Sam. Obama, estás à vontade… eu acredito que educação e saúde devem custar a todos a diferença entre um ser humano e um deus ou uma besta. Tirando isso talvez não seja o petróleo o mais inflamável valor, mas ajudava deixar sem cheta os que não mudaram nem em mil anos. Ou estão iguaizinhos, ou pioraram, em relação a 711 da era cristã. Claro que por aí história com mais de 200 anos é pré-história. Em plena era mitológica, o teu novo reino catita não tem, claro está, noção da lei da gravidade, que se aplica aos corpos celestes, como às civilizações. Os teus deuses vivem num verão permanente, nesse El Dorado onde corre leite e mel. Talvez alguns acreditem que o caminho é sempre em frente e que no dia do juízo a humanidade do teu lado poderá embarcar na nave espacial de Major Tom, em direcção a uma nova casa. Eu não acredito que seja capaz de romper os ciclos naturais, de se impor ao inverno que sempre vem, como as trevas para o tempo das estrelas, mas acredito, não por fé, mas pela lógica, que depois destas estrelas haverá outras e que depois de todas tudo será como era no princípio (agora e sempre).
Talvez um dia, (agora e sempre, antes ou depois) um macaco qualquer num planeta igual ou apenas um pouco diferente, caia do galho de uma árvore e levante a cabeça e abra os olhos até à linha do horizonte. Ser tão pouco é isto, que ter medo de correr a rir pela superfície plana de uma esfera porque nos apetece, porque é o nosso modo de celebrarmos “a queda” da árvore do desconhecimento do bem e do mal; ter medo por causa do rei dos macacos, do macaco dominante, do deus entre nós, nos faz querer entregar a vida ao “criador”, dizer ao deus para ser servido e fazer deste chão sepultura. Como vês não sou um perigo: eu sonho naves arcas que levem o melhor de nós, o Bem, até ao fim dos tempos, como no Princípio. Diz-me tu, enjaulada fera o que é a vida sem passar as mãos pelo orvalho da savana? Sem a esperança de que, se a humanidade não se safa, pelo menos tem algo belo, toca a divindade, sonha a superação de todas as suas falhas? O que vale este sopro no peito a que chamam coração? Não queremos nenhuma revolução, nem fazemos parte da nenhuma resistência. Ser livre é para nós poder sonhar com uma humanidade melhor, menos humana, menos macaca, menos bestial, mais divina. É uma ideologia? Uma utopia. Contudo tanta beleza foi já construída, paredes meias com o jardim dos suplícios. Parece ironia desta condição monstruosa que todo o paraíso só seja concebível em oposição ao seu inverso.

Sem comentários:

Enviar um comentário