Este PC aqui (sim, porque não tenho dinheiro para o mandar
para o lixo e comprar aquele do fruto que fez tombar a humanidade no vale de
lágrimas), está-me sempre a perguntar se a NSA está de olho em mim. Quer que
compre uma cena qualquer anti-espionagem. Se isso, a NSA, ou outra série
americana qualquer, está de olho em mim, então certamente anda a gastar
pestanas como velas em ruins defuntos. Os alalis todos, o chinos e companhia e os
que também amam os filhos são suficientes para ocupar as 24 horas do dia a todos
os sobrinhos do tio Sam. Obama, estás à vontade… eu acredito que educação e
saúde devem custar a todos a diferença entre um ser humano e um deus ou uma
besta. Tirando isso talvez não seja o petróleo o mais inflamável valor, mas
ajudava deixar sem cheta os que não mudaram nem em mil anos. Ou estão
iguaizinhos, ou pioraram, em relação a 711 da era cristã. Claro que por aí
história com mais de 200 anos é pré-história. Em plena era mitológica, o teu
novo reino catita não tem, claro está, noção da lei da gravidade, que se aplica
aos corpos celestes, como às civilizações. Os teus deuses vivem num verão
permanente, nesse El Dorado onde corre leite e mel. Talvez alguns acreditem que
o caminho é sempre em frente e que no dia do juízo a humanidade do teu lado
poderá embarcar na nave espacial de Major Tom, em direcção a uma nova casa. Eu
não acredito que seja capaz de romper os ciclos naturais, de se impor ao
inverno que sempre vem, como as trevas para o tempo das estrelas, mas acredito,
não por fé, mas pela lógica, que depois destas estrelas haverá outras e que
depois de todas tudo será como era no princípio (agora e sempre).
Talvez um dia, (agora e sempre, antes ou depois) um macaco
qualquer num planeta igual ou apenas um pouco diferente, caia do galho de uma
árvore e levante a cabeça e abra os olhos até à linha do horizonte. Ser tão
pouco é isto, que ter medo de correr a rir pela superfície plana de uma esfera
porque nos apetece, porque é o nosso modo de celebrarmos “a queda” da árvore do
desconhecimento do bem e do mal; ter medo por causa do rei dos macacos, do
macaco dominante, do deus entre nós, nos faz querer entregar a vida ao “criador”,
dizer ao deus para ser servido e fazer deste chão sepultura. Como vês não sou
um perigo: eu sonho naves arcas que levem o melhor de nós, o Bem, até ao fim
dos tempos, como no Princípio. Diz-me tu, enjaulada fera o que é a vida sem
passar as mãos pelo orvalho da savana? Sem a esperança de que, se a humanidade
não se safa, pelo menos tem algo belo, toca a divindade, sonha a superação de
todas as suas falhas? O que vale este sopro no peito a que chamam coração? Não queremos
nenhuma revolução, nem fazemos parte da nenhuma resistência. Ser livre é para
nós poder sonhar com uma humanidade melhor, menos humana, menos macaca, menos
bestial, mais divina. É uma ideologia? Uma utopia. Contudo tanta beleza foi já construída,
paredes meias com o jardim dos suplícios. Parece ironia desta condição monstruosa
que todo o paraíso só seja concebível em oposição ao seu inverso.
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