As raparigas lá estavam,
uma loira, outra morena, a cobrir a manifestação, muito eufóricas pelo
movimento. Os profes lá iam deitando um bafo que, mesmo de longe, não os faz
simpáticos, como se o mau ambiente deixasse marcas, como se todos fossem trouxa
morta, vapor de antidepressivo, gata malhada com tinta ruim no cabelo, falta
de dentista, de esteticista, excesso de manicura... um sem fim de defeitos de
massa, que transpira da multidão que ensina, ou não ensina. No meu tempo uma
boa escola era uma escola fechada. Não sei! Não tenho que votar nisso, ou
tenho? Não há solução. Sabemos o que temos que fazer. É fácil, neste caso. Duas
fotos e três sons. Barato, mais do mesmo. Depois logo se vê, pagar impostos e
ver TV.
Mas, ao nosso lado, como
se o mundo fosse quadrado, estala a discussão. Alguém toma sempre um partido e
parte em frente, com a ideia feita, e mais do que maquinada, para corresponder
ao ideal que, todos os que se têm em muita conta, têm dentro de si.
As raparigas
engalfinharam-se em árdua discussão para saberem quem tem razão. A também
loira malhada salta, em tom agressivo, que ninguém sabe nada, a não ser a sua cabeça
iluminada. A morena falhada, estalactite da estrada, dá o tom de dinamite
emproada. De peitos que metem respeito, em botas de lamparina, as moças têm uma
razão que ninguém lhes tira. Todo o mundo é errado, se está do outro lado. A
guerra armou-se por causa das falhas, na bolsa de malhas. Ou seja, dito isto,
foi por causa do ministro.
"O que é preciso é
intervir e não ficar à espera, lutar pela justiça", diz a loira de
excelência. "A culpa não é das pessoas,
as pessoas pagam contas, mas a maior parte é caloteira, menos eu", finca pé a
morena.
Ao lado, os professores,
em uníssono, botam alto o refrão banal, sem nada de original. Neste acordo
massivo, ao pé de mim engalfinha-se, numa má onda agressiva, sobre a razão e
partido, a fé e o sentido, que todos temos que tomar, de manhã, ao acordar.
De regresso, mais uma vez, me vêm com lições de
moral, sobre trabalho bem feito e jornalismo em cântico e português bem escrito
e outras coisas que hão dito. A mim só me apetece perguntar: "mas que drogas
andais vós a fumar?"
GV (2009)
Não conhecia! Mas e' um txt fabuloso, de humor caustico e talento.
ResponderEliminarNão conhecia lhe conhecia os dotes, mas isto sem decotes, minha amiga, singram os pichotes!
E' a vida, lá dizia o outro....
Abc. Solidário